Wednesday, November 7, 2012

Sobre ontem



Hoje contei uma das histórias do meu coração partido. Justo, aquela, que me causa mais dor. E vi meu reflexo instável em seus olhos marejados. Foram os seus olhos e, não, as minhas palavras que reviveram todos aqueles significados.

Sofri agudo e afundei a lembrança do amor que se esvaiu (em porra, sangue e lágrimas) no cigarro que queimava entre os dedos. Seus olhos foram o espelho no qual olhei e senti nojo, há cinco anos. Morri um pouco. Morri a mesma morte. Engoli seco. A tatuagem ainda zomba da minha fragilidade; as marcas internas do meu corpo também zombam de mim. Não nego nada.

Não nego o sangue que corre em minhas veias e pulsa entre as pernas, não, no coração. Mas ainda sou ingênua por negar as lágrimas que chorei. Amei. Amei um amor oco, flácido, idealizado. Amei o que eu queria que ele fosse e a necessidade de afogar-me em outrem. E odiei o amor que senti pelo meu ódio. E os sorrisos que dei, mesmo nunca tendo me livrado dele.

Estou triste. E, mais uma vez, sinto-me só, mesmo rodeada de pessoas gentis.


_ E, os seus olhos? Os seus olhos apenas negaram a força que eu finjo ter. Eles foram a minha morte eterna, nos dois segundos em que você não soube disfarçar a sua piedade por mim.

(escrito em 6/11/2012, durante a aula de Cultura Brasileira II)

1 comment:

  1. A verdade nas suas palavras dói. Mas é uma dor de admiração, que é a única coisa que consigo sentir no momento.

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