Era encarada na rua e, ainda assim, não era percebida. Ponto de referência invisível.
Abria o caderno, alisava a folha em branco e derramava palavras em tinta negra. Violentava a pureza das pautas com garranchos de desgosto e desamor. Desacreditava do mundo e dos seres humanos. Detestava a si própria, mas amava sua forma de odiar.
O mundo muda e suas palavras foram perdendo o desprezo. Quando deu por si, o ódio já não estava ali. Era amor às flores, à morte, aos corações partidos. Suspirou. Era outra. A caneta não se movia por um demônio interno, mas por paz, desejo e uma loucura sã que a fazia querer entender o abstrato.
E entendeu que a caneta transformou ódio em liberdade. Brincando de Deus, em contos e poemas, encontrou o seu lugar: dentro de si mesma, estava em casa.
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