Friday, April 22, 2011

Honeymoon With You




Fecho os olhos para esperar o seu abraço, o seu gosto, o seu cheiro. Dias e dias morando na tua pele, deitada no teu colo, recebendo o teu afago. Séculos de um universo de eu e você, na cama, sem roupas, lembrando que nada existe, só as nossas respirações, ora ofegantes, ora relaxadas, num mimo eterno de carinhos e sentimentos.

Lua de Mel eterna. Encontrando paz no teu cheiro, me perdendo nos teus cabelos.

Noites de insônia para te ver dormir; pra lembrar que a vida é boa e deus pode até existir, porque você está no mundo e respirando o mesmo ar que eu.

Será que sonho sozinha? É que nada me parece mais bonito que os seus olhos que cintilam o que nunca esqueço. Não tenho mais coração, é só saudade, o que pulsa no meu peito. E, quando o mundo dói, na ausência de você, me transporto para o paraíso da minha mente. Nossa Lua de Mel infinita. Eu fazendo um ninho em teu sorriso para acordar cantando odes à beleza que exala de cada átomo de você.

Thursday, April 21, 2011

Em Casa

No silêncio do mundo, ela encontrou palavras, riscos e rabiscos. Era para afogar mágoas e enterrar amarguras que escrevia; que desenhava. Não havia senso estético, só ódio vomitado na indiferença do universo.

Era encarada na rua e, ainda assim, não era percebida. Ponto de referência invisível.

Abria o caderno, alisava a folha em branco e derramava palavras em tinta negra. Violentava a pureza das pautas com garranchos de desgosto e desamor. Desacreditava do mundo e dos seres humanos. Detestava a si própria, mas amava sua forma de odiar.

O mundo muda e suas palavras foram perdendo o desprezo. Quando deu por si, o ódio já não estava ali. Era amor às flores, à morte, aos corações partidos. Suspirou. Era outra. A caneta não se movia por um demônio interno, mas por paz, desejo e uma loucura sã que a fazia querer entender o abstrato.

E entendeu que a caneta transformou ódio em liberdade. Brincando de Deus, em contos e poemas, encontrou o seu lugar: dentro de si mesma, estava em casa.

Monday, April 11, 2011

Fairy Tale

Lívia rastejava feito um verme. Decomposição de si própria. A língua estava enrolada na boca: tentava pensar, mas não sabia; Tentava falar e grunhia. Se locomovia de quatro, de um lado para o outro, porque não sabia como ficar de pé. Doía estar viva e ela anestesiava as dores com álcool e cortes. Cigarros. Engraçado ninguém ver o quanto um alguém é perturbado; Como o mundo se esforça para acreditar em sorrisos falsos. Quanto mais invisível ela se sentia, mais mergulhava em uma piscina de loucuras. Ela preenchia o vazio de sua alma com qualquer merda que a fizesse se sentir viva.

Ela era uma criança, quando perdeu a virgindade. E, com um cara seis anos mais velho que ela. Um cara que poderia ser qualquer outro. Lívia sentia o membro rijo lhe rompendo a pele. Letárgica. Sua vida era uma letargia eterna; Era a busca por alucinógenos e dor. Lívia não sabia sorrir. E esperava a poesia decadente dos contos de fada do “roque enrrow”, em que o príncipe encantado era alguém que a encontraria na sarjeta e a daria um motivo para viver. Ele a amaria, apesar de tudo, não a mandaria parar com seus vícios. O amor lhe faria ser alguém normal.

Lívia desprezava a normalidade, mas gostaria de se sentir assim, sem esse impulso suicida que regia todas as suas ações. Ela era a própria confusão, como se vozes invisíveis gritassem em sua cabeça. Vozes que discordavam em tudo e a deixavam cair em uma contradição eterna: bissexual homofóbica; bêbada careta; puta romântica.

Olhos caídos e vazios. O cigarro queimando entre os dedos. Lívia descobriu ter dependência física do álcool, ainda com dezesseis anos. Dois meses de tremedeira, suor frio, vômito e diarréia para fazer aquela jura sincera de todo alcoólatra (que passa a ser piada no dia seguinte). E Lívia parou de beber. Trocou o álcool por sexo. Depois, sexo por drogas; Drogas por álcool; Álcool por sexo e drogas..., por mais de seis anos da sua vida.

Lívia não entende a depressão que tinha, no início de tudo. O que a fazia tentar voar ao pular na beira do abismo. Ela entende um mundo muito mais cruel do que antes. Um mundo que estupra criancinhas e assassina inocência. Mas, respira. Lívia não encontrou príncipe, juízo ou paz. Nem sanidade. As vozes ainda estão lá. E as drogas e o álcool e o sexo. Lívia não mudou, apenas compreendeu. Não sente mais aquela azia que era uma bola de ódio. E respira.

Papai Noel não existe


_ Você não confia em mim?
_ Confiar?
_ É. Você só fica aí, parada, com esses olhos perdidos. Eu sei que houve algo para te tirar a alegria na vida. E quero saber o que foi.
_ Não sou novela pra te dar uma grande revelação. Falar, ou não, não vai mudar em nada. Não vai ter música de suspense, choro e, de repente, estaremos bem, felizes, perdoando os nossos carrascos, esquecendo o que mais nos tortura.
_ Você não quer desabafar?
_ Por favor, pare de fingir que você se preocupa. Não é como se você se importasse comigo, mas como quem não entende que o outro não quer compartilhar. Eu não preciso te dar detalhes da minha vida pra você se sentir melhor, pensar que é bom amigo e confiável. Porra!, pare de tentar ser perfeito. Eu não suporto mais a sua perfeição.
_ Eu só queria ajudar.
_ Nada ajuda.
_ É como se não fosse importante.
_ Já pensou que você está fazendo uma tsunami num copo d’água? Que você fica esfregando, o que eu não quero lembrar, na minha cara?
_ Não era a minha intenção te fazer sentir assim.
_ Eu sei que não.  
_ Mas, eu só quero a verdade.
_ E, eu, um milhão de dólares.

Saturday, April 2, 2011

Ikki de Fênix

Só entende o inferno quem já esteve submerso nele; Quem desiste da nobreza em prol de um ódio que pode ser o único instrumento na escalada de volta a superfície da Terra. O ódio se torna aliado e alucinógeno. E companheiro. De mãos dadas com ele, entendi o meu papel no mundo.

Corpo forte, alma macia. Mas, me confrontei com o Espírito Diabólico. Não, não foi uma ilusão. Castigos físicos não superam castigos da alma: Sentir lava vulcânica correndo nas veias e dor pulsando no lugar do coração. Uma dor que crescia como um tumor; Que era doença e cura. Era a minha primeira morte.

Fênix. Ressurgir das cinzas é maldição mais do que dádiva. É ter a certeza de não encontrar o esquecimento; A paz. O poder, que aumenta a cada recomeço, é a chama do ódio que queima nos olhos; Que move o meu corpo. A minha podridão é a chave da ressurreição.

Eu sou um lobo solitário. Compreendo o amor, mas funciono melhor vivendo no vazio. É a sua ausência que me trás poder. Tento fugir do abismo que construí entre eu e a humanidade, mas quanto mais procuro pessoas, mais percebo que não fui feito para elas. Procuro companhia enquanto me afasto e, a cada vez que me conecto com alguém, perco um pouco de mim.

A minha essência queima. Eu, próprio, sou chama: Belo e destrutivo. Tendo a transformar tudo o que me cerca em cinzas. E, boa parte de mim, são só destroços. Mantenho uma fagulha acesa, fagulha que se torna incêndio e volta a ser fagulha. Eu não quero te queimar. Isso é amor: Aceitar meu ódio como parte de mim e viver distante do que idolatro para não percebê-lo destruído pelo que me tornei?

Distribuo ilusões que não se comparam com o inferno que queima em meu cosmo: Espírito Diabólico. Sou aquele que vive da morte e não consegue se livrar da vida. Meu castigo é lembrar minhas fraquezas todos os dias por todas as eternidades. Sou tormento: Corpo desabitado de alma. E, é por isso que sou um lobo solitário.