Saturday, November 19, 2011

HOLE

A emoção esvazia o meu peito. Não há mais sonho; não há amanhã. Não construo ilusões: suspiro passado; morro para o futuro.Me sinto tão só quanto poderia estar nas névoas da realização. Fica o oco; foi-se o tudo.. Os cabelos grisalham numa juventude sem volta. Acabou. E o fim penetra e macula o meu corpo. Talvez fosse bem mais fácil viver silêncios. Ainda ouço os gritos, mas eles denunciam o que já foi: o agora não existe, apenas uma história a contar...



(texto escrito poucas horas depois do fim do show do Hole no SWU. E, lá estava eu, na primeira fila, mostrando um desenho que fiz para a Courtney)



Sunday, September 11, 2011

Silêncios


Existe um esforço que não cessa. E levantar da tumba que acolhe seus silêncios é mais duro que fazer ouvir os gritos inaudíveis. Nada é oco, só o coração; Nada é puro, mas ao menos há desejo de provar o que nem deus há de acreditar.

O mundo é duro, meu amor, não existe recompensa. Orgulho é pecado, quero ser deus para repudiar suas aprovações. Você é nada e nada nunca é o bastante.

Lixo, resto, desgosto. Alimento de almas imundas. Você é apenas vital ao esgoto; ao invisível; ao que desperta o nojo do mundo.

O arco-íris colore o céu e deixa seu rastro de escuridão na terra. Ninguém a olha; não há quem veja...

A sombra assombra o corpo à sombra da virtude. 


Monday, July 25, 2011

Playing Your Song




Olhos de amêndoa e sorriso de mentex. Tudo em você me dá vontade de te devorar; de te fazer morar na ponta da língua.

A saga do meu destino repousava na descoberta do gosto de cereja da tua inocência. E, sim, era uma inocência pecaminosa, mas, o que nesse mundo é santo, ainda se torna profano. E os comuns se equilibram na corda bamba da linha invisível que separa o bem e o mal.

Mas, o que há em tua essência que me empurra para ti num impulso inevitável, como um suicida que se atrai pela queda ao olhar pela janela do décimo quinto andar?

Entenda que não acredito em contos de fada ou na paixão virulenta que destrói seu hospedeiro. Há algo além do amor-doença e do príncipe no cavalo branco, mesmo, porque, ninguém se refere ao cheiro de fezes animal que acompanha a realeza com seu hálito de flores. Até as flores apodrecem, mas ninguém se refere à podridão de uma história que termina com o “e foram felizes para sempre”.

Mas, eu me lembro de te ver sorrindo e o mundo se acalma. Tudo deixa de ser tão cruel e eu vejo unicórnios e arco-íris.

O que quero que você entenda é que eu não penso num fim, feliz ou não, porque acredito em ponto e vírgulas que anunciam um recomeço. Não quero te fazer se apaixonar para repousar no confortável colchão de mola da comodidade, então, aceito o desafio dos inícios; da nova vida; da aceitação da inexistência de um nós e da luta para revitalizar a sintonia de dois “eus”.

Então, te abrigo nos meus sonhos e te esquento em meu abraço. Te ofereço o meu corpo para a sua morada e aceito o teu afeto como um presente embrulhado no celofane da tua pele; no cetim dos teus cabelos.

E espero que nunca exista tristeza ou mágoa transferida por osmose de você para mim e vice-versa. E, por tudo o que te digo nessas linhas ordinárias, te escrevo uma canção: para imortalizar a história de dois humanos nos dedos calejados de outra geração, que será embalada pela sua música; por toda essa sanidade descrita no que existe e no que invento da loucura de eu e você.

Monday, July 4, 2011

Garranchos de uma aula sem fim.


Tédio! Morte mental: Sequela.

Eu não me agüento mais. Tristeza passageira. Morte que desiste de matar. A boca aberta, o sono aflorado. A noite se torna pesadelo, nessa sala de aula. Palavras de sonífero, caderno de ópio, lápis de refúgio. Eu ainda tenho a minha mente para negar essas palavras. Em mim, eu nado no silêncio.

No fundo do meu “eu”, ainda encontro esperança, glória...

...felicidade.


(encontrado num caderno de 2009. escrito durante uma aula de OEB, na UFF)

Saturday, June 11, 2011

Depois de Tudo

“...Encontro o meu próprio cadáver submerso na euforia de quem eu deixei de ser: sorri e chorei em meu próprio funeral. E fiquei grávida de dúvidas e pecados, para renascer a nova face de uma lua extinta. E eu ainda não entendo o que me fez perder o corpo e os devaneios no azedume da tua alma.

Parecia que as estrelas virariam fumaça cósmica, antes de eu me recuperar do ataque virulento deste amor que nunca soube amar.

E os grilhões eram colares de pérolas. Ciúme era virtude; insanidade, canções de amor. O nada decorava o horizonte. E compreendia o amargo de um coração desvirginado; As pétalas da flor que caem, muito antes de desabrochar.”

(L, J – 2010)

Tuesday, May 17, 2011

Lucas

O poeta sufoca em palavras, como a sua alma perdida engasga em auto-indulgência. Você não está cansado de levar a vida por script de letras do rock?

Sua glória são fantasmas. E você não tem mais sorrisos. E, até admito sua postura única e seu estilo próprio, mas, quantos poetas já morreram de amor sem amar de fato?

Te vejo cavando poesia mórbida, como se você vivesse, eternamente, os seus quatorze anos: Bebidas, remédios, cortes. E uma depressão cíclica forçada. E um desespero para se encaixar no desespero alheio.

O cigarro queima entre os seus dedos, como a vida passa diante dos seus olhos. Você não traga; não reage; não vive. E nem, ao menos, se pergunta se já foi algo além de xerox do que não existe.

Álcool e mentiras. E o coração podre de vergonha. Não há super-herói que te resgate. Você escolheu ser morto-vivo.

A vida pode ser bonita, quando não se olha somente para o esgoto. Você não vê as borboletas na janela, Lucas? Não está cansado de não ver?  

Tuesday, May 3, 2011

Fantasmas

_ O mundo explode em guerras, tristeza e escravidão. O que posso te oferecer?
_ O mesmo de sempre, ué?
_ Nada, então...
_ Um universo de paz, escondido em seu sorriso.

Friday, April 22, 2011

Honeymoon With You




Fecho os olhos para esperar o seu abraço, o seu gosto, o seu cheiro. Dias e dias morando na tua pele, deitada no teu colo, recebendo o teu afago. Séculos de um universo de eu e você, na cama, sem roupas, lembrando que nada existe, só as nossas respirações, ora ofegantes, ora relaxadas, num mimo eterno de carinhos e sentimentos.

Lua de Mel eterna. Encontrando paz no teu cheiro, me perdendo nos teus cabelos.

Noites de insônia para te ver dormir; pra lembrar que a vida é boa e deus pode até existir, porque você está no mundo e respirando o mesmo ar que eu.

Será que sonho sozinha? É que nada me parece mais bonito que os seus olhos que cintilam o que nunca esqueço. Não tenho mais coração, é só saudade, o que pulsa no meu peito. E, quando o mundo dói, na ausência de você, me transporto para o paraíso da minha mente. Nossa Lua de Mel infinita. Eu fazendo um ninho em teu sorriso para acordar cantando odes à beleza que exala de cada átomo de você.

Thursday, April 21, 2011

Em Casa

No silêncio do mundo, ela encontrou palavras, riscos e rabiscos. Era para afogar mágoas e enterrar amarguras que escrevia; que desenhava. Não havia senso estético, só ódio vomitado na indiferença do universo.

Era encarada na rua e, ainda assim, não era percebida. Ponto de referência invisível.

Abria o caderno, alisava a folha em branco e derramava palavras em tinta negra. Violentava a pureza das pautas com garranchos de desgosto e desamor. Desacreditava do mundo e dos seres humanos. Detestava a si própria, mas amava sua forma de odiar.

O mundo muda e suas palavras foram perdendo o desprezo. Quando deu por si, o ódio já não estava ali. Era amor às flores, à morte, aos corações partidos. Suspirou. Era outra. A caneta não se movia por um demônio interno, mas por paz, desejo e uma loucura sã que a fazia querer entender o abstrato.

E entendeu que a caneta transformou ódio em liberdade. Brincando de Deus, em contos e poemas, encontrou o seu lugar: dentro de si mesma, estava em casa.

Monday, April 11, 2011

Fairy Tale

Lívia rastejava feito um verme. Decomposição de si própria. A língua estava enrolada na boca: tentava pensar, mas não sabia; Tentava falar e grunhia. Se locomovia de quatro, de um lado para o outro, porque não sabia como ficar de pé. Doía estar viva e ela anestesiava as dores com álcool e cortes. Cigarros. Engraçado ninguém ver o quanto um alguém é perturbado; Como o mundo se esforça para acreditar em sorrisos falsos. Quanto mais invisível ela se sentia, mais mergulhava em uma piscina de loucuras. Ela preenchia o vazio de sua alma com qualquer merda que a fizesse se sentir viva.

Ela era uma criança, quando perdeu a virgindade. E, com um cara seis anos mais velho que ela. Um cara que poderia ser qualquer outro. Lívia sentia o membro rijo lhe rompendo a pele. Letárgica. Sua vida era uma letargia eterna; Era a busca por alucinógenos e dor. Lívia não sabia sorrir. E esperava a poesia decadente dos contos de fada do “roque enrrow”, em que o príncipe encantado era alguém que a encontraria na sarjeta e a daria um motivo para viver. Ele a amaria, apesar de tudo, não a mandaria parar com seus vícios. O amor lhe faria ser alguém normal.

Lívia desprezava a normalidade, mas gostaria de se sentir assim, sem esse impulso suicida que regia todas as suas ações. Ela era a própria confusão, como se vozes invisíveis gritassem em sua cabeça. Vozes que discordavam em tudo e a deixavam cair em uma contradição eterna: bissexual homofóbica; bêbada careta; puta romântica.

Olhos caídos e vazios. O cigarro queimando entre os dedos. Lívia descobriu ter dependência física do álcool, ainda com dezesseis anos. Dois meses de tremedeira, suor frio, vômito e diarréia para fazer aquela jura sincera de todo alcoólatra (que passa a ser piada no dia seguinte). E Lívia parou de beber. Trocou o álcool por sexo. Depois, sexo por drogas; Drogas por álcool; Álcool por sexo e drogas..., por mais de seis anos da sua vida.

Lívia não entende a depressão que tinha, no início de tudo. O que a fazia tentar voar ao pular na beira do abismo. Ela entende um mundo muito mais cruel do que antes. Um mundo que estupra criancinhas e assassina inocência. Mas, respira. Lívia não encontrou príncipe, juízo ou paz. Nem sanidade. As vozes ainda estão lá. E as drogas e o álcool e o sexo. Lívia não mudou, apenas compreendeu. Não sente mais aquela azia que era uma bola de ódio. E respira.

Papai Noel não existe


_ Você não confia em mim?
_ Confiar?
_ É. Você só fica aí, parada, com esses olhos perdidos. Eu sei que houve algo para te tirar a alegria na vida. E quero saber o que foi.
_ Não sou novela pra te dar uma grande revelação. Falar, ou não, não vai mudar em nada. Não vai ter música de suspense, choro e, de repente, estaremos bem, felizes, perdoando os nossos carrascos, esquecendo o que mais nos tortura.
_ Você não quer desabafar?
_ Por favor, pare de fingir que você se preocupa. Não é como se você se importasse comigo, mas como quem não entende que o outro não quer compartilhar. Eu não preciso te dar detalhes da minha vida pra você se sentir melhor, pensar que é bom amigo e confiável. Porra!, pare de tentar ser perfeito. Eu não suporto mais a sua perfeição.
_ Eu só queria ajudar.
_ Nada ajuda.
_ É como se não fosse importante.
_ Já pensou que você está fazendo uma tsunami num copo d’água? Que você fica esfregando, o que eu não quero lembrar, na minha cara?
_ Não era a minha intenção te fazer sentir assim.
_ Eu sei que não.  
_ Mas, eu só quero a verdade.
_ E, eu, um milhão de dólares.